Bem-Vindos

Aqui se pensa alto, mas se é realista. Aqui se é Jovem e se é Ativista. *_*

COMVIDA (Comissão de Meio Ambiente e Qualidade de Vida na Escola) é um projeto sério que nós, alunos do CEFET-BA, UE de Vitória da Conquista, estamos engajados na sua concretização à medida que formos sendo capacitados pelo Jovens Ativistas (Projeto que vai formar agentes comunitários, articulados em grupos intitulados Coletivos Jovens, para atuar ampliando e fortalecendo a educação ambiental no município).

Esse blog surgiu de uma idéia de uma dúzia desses jovens: nós, que já nos consideramos ativistas e estaremos postando textos feitos por jovens como eu e você, e por quem mais vier ;D Se você estiver interessado em vir conosco por este caminho e nos ajudar com um texto, imagem, comentário, frase, ou algo que acrescente, envie para o email:

jovensativistas_vca@yahoo.com.br

Comece desde cedo {hoje} exercendo seu direito de cidadão. ;@


Assine no Amazônia Para Sempre

(Ao obter o número de assinaturas necessário, ele será encaminhado ao Presidente da República para que sejam tomadas as providências necessárias para resolver este que é um sério problema brasileiro e mundial: A devastação da Amazônia.)

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Jovens Fundadores:

Hugo de Oliveira Arruda Badin; Larissa Santos Fogaça; Ítalo Felipe Cardoso Amorim; Luana Uende Alves de Aquino; Paulo Wladimir Santos Rocha; Raizza Lima Figueredo; Iago Vieira Soares; Tiago da Silva Xavier; Wagner Galvão Silva; Daniella Santos Oliveira.

E nossas insubstituíveis facilitadoras: Margareth & Lara.

22 de jul. de 2007

Live Earth

Então, achei legal postar um primeiro texto (porque os outros textos textos são artigos e adaptações de autores que talvez nem todos se identifiquem) expondo a opinião de outros jovens sobre o assunto do Live Earth:
esses pontos de vista foram extraídos de um fórum de debate no orkut, e fiz alguma modificações, pra ficar compreensível pra todo mundo. (ps: não pus os nomes porque não é possivel pedir autorização pra todos, e eu não conheço a legislação brasileira em relação à isso. Plágio?)

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opinião 1- Abaixo a hipocrisia norte-americana!
Os EUA dão a entender que com eventos deste tipo querem ajudar a combater os problemas mundias *no caso o Aquecimento Global... porém não assinaram e não pretendem assinar o Tratado de Kyoto que propõe o freamento de emanação de gases poluentes!! QUE É O AGENTE CAUSADOR DO AQUECIMENTO!!
*vamos protestar!! E LUTAR POR UM MUNDO MELHOR!!! FAÇA A SUA PARTE PORQUE A MINHA JÁ TÔ FAZENDO!!

opinião 2- E a energia que foi ser gasta no show colabora pro aquecimento...
e olha que foram dias e dias de show...

opinião 3- Tenho posições contrarias e a favor!!!!!!!!!!
Não podemos apenas ser contra porque vai gastar energia ou porque os EUA não assinaram o tratado... Devemos nos ligar, que apesar de todo o retrocesso do país, lá também existem pessoas interessadas na preservação do nosso planeta!!! Assim como no Brasil existem muitos que nada fazem a favor da preservação!!!
Eu só acho que esse show não adianta muito!!

opinião 4- olha...
sinceramente, eles vêem isso como uma forma de chamar a atenção pra coisas que vêm acontecendo no mundo nos ultimos anos..
agora veja bem: alguém de sacanagem já parou pra pensar em quantos milhões eles estão gastando com esse "evento" mundial?
alguém já parou pra pensar? já pararam pra pensar em quantas coisas eles poderiam estar fazendo com toda essa grana? quantas pessoas poderiam estar sendo ajudadas
como toda essa grana?
Cara vcs tem q tomar conciência do seguinte: TÁ ERRADO!
Isso não vai salvar o mundo! Não vai!
Não sei se vocês aqui lembram do Live 8; alguém aqui lembra o objetivo dele? Alguma coisa do que eles falaram aconteceu? Sabe a quantos anos tem esse evento?
Não foi só um ano não! Eles só gastaram milhões e milhões de dólares, e milhões de pessoas continuam morrendo todos os dias!!
Não deixem a mídia controlar vcs!! Nada do que eles falam vai mudar! O mundo vai continuar morrendo véio!! Quando resolverem levar a serio já tera sido tarde demais..
Aliás... Já é tarde demais..

opinião 4- Querendo ou não, a raça humana TOTAL só vai cair em si, e perceber a importância da preservação ambiental, quando sentir na pele este drama, quando já for tarde demais (espero estar errado), porém quem deveria primeiramente ser prejudicado com os danos do aquecimento global (os paises desenvolvidos, que são os maiores poluentes) ficam de fóra porque infelizmente, segundo pesquisas divulgadas, os países subdesenvolvidos serão os primeiros lugares onde vão aparecer as consequências do aquecimento global!
E comentando... exatamente o que o colega acima falou...o dinheiro gasto com todos os shows poderiam ajudar milhares de pessoas, e por quê não pesquisas e tecnologias para acabar com o aquecimento global?

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Então, são idéias que passam na cabeça de jovens críticos, de consciência ecológica e humanitária todos os dias, não somos só nós, de Conquista.
Bom seria se todo jovem pensasse igual.
Melhor é pensar que somos nós o futuro do planeta. o/


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Um mundo em suas mãos

Como o seu idealismo pode ajudar a salvar a natureza, aliviar o sofrimento de milhões de pessoas e construir um mundo melhor.

Até onde vai sua capacidade de indignação? Quanto a natureza precisa ser destruída e animais extintos antes que você sinta a necessidade de fazer alguma coisa a respeito? Quanto sofrimento você precisa ver antes de sentir a vontade de dedicar seu tempo para ajudar crianças, velhos e doentes? Quanto o mundo precisa piorar antes que você se convença de que deve arregaçar as mangas e unir forças com seu vizinho para construir um mundo melhor?
Muita gente que já se fez essas perguntas descobriu que era hora de agir. São pessoas que resolveram doar parte de seu tempo e trabalho para ajudar a combater graves problemas ambientais e humanitários. Espalhadas pelo mundo inteiro, elas formam um batalhão de dezenas de milhões de legionários que estão mudando a cara do planeta. Nem sempre reconhecidos, eles nos mostram que, apesar de todas as mazelas que nos afligem, ainda é possível construir um futuro em que haja respeito à natureza, mais solidariedade e maior tolerância entre os povos. Eles nos provam que hoje, como antes, o futuro do mundo continua em nossas mãos. E pode também estar na suas.
Em vez de se agarrar a utopias de sociedades alternativas ou comunismo radical, devemos arregaçar as mangas e fazer algo de concreto para mudar a realidade onde vivemos.

Descontentes com os rumos da política e desconfiados de qualquer um que suba num palanque para vender promessas ou que se auto-proclame liderança política, os jovens modernos devem valorizar principalmente quem mostra que sabe fazer.
“O jovem de hoje tem um engajamento social e ecológico muito forte. Mas ele não quer discutir os grandes problemas do país. Ele quer saber o que pode fazer para melhorar a vida da sua comunidade. Ele quer salvar o mundo começando pelo seu bairro, pela sua praça", afirma Priscila Cruz, coordenadora geral da ONG Faça Parte, que lida com jovens em idade escolar.
A mais completa radiografia desse novo tipo de idealista pode ser encontrada no livro How to Change the World (Como Mudar o Mundo, ainda sem tradução para o português) do escritor canadense David Bornstein. Baseando-se em exemplos concretos, Bornstein descreve como uma legião de idealistas espalhados por todo o mundo está dedicando seu tempo e energia para criar e colocar em prática projetos capazes de produzir efeitos sensíveis na vida das pessoas ou no meio ambiente.
Eles são chamados por Bornstein de "empreendedores sociais" porque possuem todas as qualidades que levariam um jovem a se tornar um executivo de sucesso, mas que, por puro idealismo, decide tomar o rumo da solidariedade ou da proteção da natureza. Bornstein cita dezenas de exemplos desses novos visionários de um mundo mais justo e preservado, muitos deles retirados de várias partes do Brasil.
Se você também quer se tornar um empreendedor social, é preciso antes saber o que caracteriza uma pessoa assim. Na verdade, um conjunto bem definido de qualidades: sensibilidade para os problemas humanos, capacidade de identificar a origem dos problemas, imaginação, paixão pelo que faz, vontade de assumir riscos,, capacidade de se organizar e liderar uma equipe, determinação para agir, abertura para receber criticas e opiniões e transparência para mostrar como suas ações estão sendo feitas e os resultados que está conseguindo.
Em resumo, os idealistas empreendedores não perdem tempo com utopias nem se perdem em blábláblá político. Eles simplesmente tomam a iniciativa, começam um projeto e, como todo bom empreendedor, têm a capacidade de atrair seguidores, de se adaptar a realidade e de estabelecer metas possíveis de serem conquistadas. Passo a passo, eles chegam lá.
Os idealistas modernos são o motor propulsor das chamadas organizações não-governamentais e do que os pesquisadores convencionaram chamar de Terceiro Setor: o universo das entidades que não fazem parte do governo, mas se interessam pelo bem público, sem ter fins lucrativos. Já há cerca de 220 mil dessas entidades no Brasil e a tendência é que o número continue a crescer. Elas podem ser ecológicas, assistenciais, educativas, de saúde pública ou aquelas que fazem campanhas de conscientização ou lobby junto a parlamentares na defesa de uma causa qualquer - as chamadas ONGs de "advocacy", por advogarem uma causa.
Uma das famosas e queridas entre os jovens é o Greenpeace, uma ONG internacional que usa métodos pouco ortodoxos para chamar a atenção da sociedade para agressões à natureza. O Greenpeace depende da energia desses jovens, que são seus principais sócios patrocinadores, mas também boa parte dos voluntários que trabalham nas campanhas da entidade.

Os ativistas do Greenpeace são respeitados porque não ficam só no blábláblá. Eles partem para ação, colocando-se como barreiras humanas contra as agressões ambientais. Mas não são inconseqüentes. Pelo contrário, eles têm uma noção muito clara dos riscos e das implicações envolvidas em cada ação. "Em nosso time não entram pessoas impulsivas ou estouradas. A gente parte para a ação, mas não queremos provocar conflitos ou tragédias", afirma Marcelo M. (ele prefere não revelar o sobrenome), de 34 anos, advogado e há seis anos no Greenpeace.
No Brasil, a história de organizações como o Greenpeace e tantas outras que arregimentam jovens voluntários e ativistas começou com a luta pela democracia e pelos direitos civis das décadas de 70 e 80. As primeiras organizações não-governamentais, geralmente associações, estavam muito ligadas a grupos ideológicos, sindicatos, igrejas ou partidos políticos.
Com o retorno da democracia e a globalização da economia, entidades internacionais instalaram sucursais no país ou foram modelo para a criação de ONGs nacionais. Ao longo da década de 90, enquanto o Estado encolhia por falta de recursos e os políticos se desgastavam com casos de corrupção, essas organizações se mostraram capazes de captar recursos e mobilizar a sociedade para suas campanhas e bandeiras. Hoje, algumas ONGs são potências políticas e econômicas - algumas mais influentes e respeitadas pela sociedade do que muitos partidos políticos.

Se você já abraçou alguma causa nobre, seu futuro como funcionário de uma grande empresa pode estar garantido.
No entanto, se você deseja trabalhar efetivamente para mudar o mundo, as ONGs não são o único caminho. Muitos voluntários conseguem colocar suas idéias em prática em projetos de empresas privadas que investem no chamado marketing social. Ainda que, depois de militar por algum tempo por uma causa nobre, você decida seguir uma carreira tradicional perceberá que o tempo que dedicou para fazer o bem não terá sido em vão. Ao contrário, especialistas em recursos humanos já vêem com outros olhos o jovem idealista. Afinal, a maior parte das qualidades necessárias para um bom empreendedor social são as mesmas desejadas num grande executivo do setor privado.
"No caso de um empate entre candidatos no processo de seleção, o jovem que apresentar sensibilidade e iniciativa para resolver problemas terá a preferência", afirma o consultor de carreiras Fernando Dias.
É verdade, porém, que nem todo mundo vê com bons olhos a presença desse batalhão de milhões de legionários circulando onde quer que haja problemas humanitários ou ambientais. Muitos acham que toda essa empolgação mais atrapalha do que ajuda. O filósofo e colunista israelense Sam Vaknin, por exemplo, considera que as ONGs criadas por esse movimento internacional de jovens unidos para salvar o mundo pode esconder um perigoso viés ideológico.
Vaknin alerta que a maior parte dos líderes das ONGs não são idealistas e sim narcisistas atraídos pelo dinheiro, pelo poder e pela fama que conseguem "Eles ganham salários enormes em relação à média dos lugares onde atuam, vivem em flats e hotéis estrelados e desfilam em luxuosos carros 4x4, sempre com seus laptops de 3 mil dólares na mão", afirma.
Críticas semelhantes começam a aparecer no Brasil. Em seu último filme, intitulado Quanto Vale ou É por Quilo?, o polêmico cineasta brasileiro Sérgio Bianchi mostrou o lado negro das ONGs, algumas vezes criadas pela elite como formas de captação de recursos, que, em vez de serem investidos na população carente, acabam no bolso dos seus dirigentes. A inspiração do filme foram cenas que o próprio cineasta presenciou no Brasil, em que entidades disputavam crianças carentes para justificar sua existência e pedir mais recursos. E também no exterior, quando participou de um jantar em Praga patrocinado pela ONG Transparência Internacional, que fiscaliza a corrupção no setor público em todo o mundo. "Havia quatro orquestras tocando e cascatas de camarões à disposição dos membros", conta Bianchi.
Antes que você se desiluda, o pesquisador Luiz Carlos Merege, coordenador do Centro de Estudos do Terceiro Setor na Fundação Getúlio Vargas, em São Paulo, recomenda equilíbrio ao tratar do papel das ONGs no futuro do Brasil e do mundo. Contrário ao assistencialismo barato descrito no filme de Bianchi, típico das décadas passadas, Merege acredita que as ONGs atuais defendem modelos muito diferentes de desenvolvimento, em que as comunidades são ativamente envolvidas nas ações e decisões. Em eventos como o Fórum Social Mundial, acontecido nos últimos anos em Porto Alegre, as ONGs mostraram uma força de transformação capaz de sensibilizar as maiores e mais potentes nações e entidades do planeta, como a ONU e o Banco Mundial.
Para Merege, os jovens voluntários, protagonistas, ativistas e empreendedores que participam das mais variadas ONGs estão realmente mudando a realidade onde atuam, oferecendo esperança concreta para uma parcela importante da humanidade, que, sem a presença deles, estaria abandonada à própria sorte. " É difícil imaginar como seria a nossa sociedade sem a presença dessas centenas de milhares de organizações que promovem a harmonia, evitando que o caos se instale definitivamente entre nós", afirma. O futuro do planeta e da humanidade continua como sempre nas mãos dos jovens - mas parece que, desta vez, eles sabem exatamente o que fazer.

O que é preciso para mudar o mundo? Sensibilidade, vontade de assumir riscos, liderança, imaginação e, sobretudo, paixão.


Texto extraído de: [link]

“As ONGs são um câncer mundial”

O polêmico filósofo e escritor israelense Sam Vaknin é um inimigo declarado das ONGs. Consultor de empresas e de governos da região dos Bálcãs, ele acompanhou de perto a atuação dessas organizações durante a Guerra do Kosovo. Em seu livro Malignant Self Love (Amor Próprio Maligno), Vaknin descreve como as ONGs disputaram dinheiro e poder enquanto a guerra dizimava a população.

Terra: Em seus livros e artigos, o senhor apresenta uma imagem muito ruim das ONGs.Por que?

Vaknin: Essas organizações são um fenômeno canceroso mundial. Elas interferem na política doméstica dos países onde atuam e participam ativamente em campanhas eleitorais, ameaçando a soberania das nações. Além disso, promovem o protecionismo econômico ao advogar causas sanitárias, ambientais e trabalhistas que só interessam aos países ricos. Elas justificam intervenções militares, promovem a discórdia social e são donas ou sócias de empresas que competem com as indústrias locais, num claro conflito de interesses.

Mas essa não é uma generalização perigosa? Organizações como os médicos sem Fronteiras e a Anistia Internacional não trabalham para melhorar a vida das pessoas?

Se elas apenas se preocupassem em distribuir remédios ou dar assistência humanitária, estaria tudo bem. O problema é que as ONGs querem transformar a realidade local de acordo com uma visão de mundo preconcebida.

As bandeiras das ONGs nem sempre são boas?

Claro que não. Acreditar que o ocidente tem o monopólio dos valores éticos e morais é um indisfarçado chauvinismo cultural. Essa arrogância corresponde, no século 21, ao racismo e ao colonialismo dos séculos passados. Essas ONGs defendem a democracia, a extensão dos direitos humanos e civis, o fim do trabalho infantil, a igualdade dos sexos e a proteção das minorias. O problema é que nem todas os povos acham esse menu liberal palatável.

As ONGs crescem rapidamente no Brasil e atraem jovens que desejam fazer alguma coisa para melhorar a situação do país. Isso não é bom?

As ONGs muitas vezes servem como substitutas para as instituições estatais falidas ou deficientes. À vezes estão mais preocupadas com o bem-estar de seus membros do que em realizar um trabalho sério. Elas são marcadas por desperdício, corrupção e autopromoção institucional. Muitas vezes são cúmplices dos setores mais atrasados da sociedade, que pregam o assistencialismo como solução dos problemas sociais. São em geral cabides de emprego ou cabos eleitorais de políticos.

Há alguma maneira de solucionar esses problemas?

A luz desinfecta. A única solução é forçar as ONGs a se democratizar. Deveria haver eleições para todos os níveis e incluir entre seus diretores membros das sociedades onde elas atuam, com poder de decisão. Também deveriam prestar contas à sociedade como qualquer empresa comum faz aos seus acionistas.


[Onde encontramos essa entrevista]

“As ONGs podem salvar o mundo”

O jornalista e escritor canadense David Bornstein é um especialista mundial sobre o Terceiro Setor. Seu livro How to Change the World (Como salvar o Mundo, ainda não lançado no Brasil) foi elogiado por Nelson Mandela como um dos,melhores relatos sobre as mudanças que os empreendedores sociais estão produzindo nos quatro cantos do planeta: Bornstein acredita que as ONGs representam as forças benignas das sociedades e têm um papel determinante na construção de um mundo melhor.

TERRA: O senhor mostra em seu livro como o empreendedorismo social cresce rapidamente no mundo inteiro. De onde vem esse movimento?

BORNSTEIN: Há algumas forças históricas em ação impulsionando esse crescimento. O crescimento de uma classe média educada, a extensão dos direitos básicos às mulheres e às minorias e a democratização do acesso à informação e à tecnologia permitiram que centenas de milhões de pessoas em todo o mundo pudessem liberar suas forças criativas em novas direções. Nas últimas décadas, mais de 80 países que eram governados por ditadores, por regimes de apartheid ou sociedades totalitárias se transformaram em democracias. As pessoas estão mais bem informadas sobre os problemas sociais e tem mais desejo e capacidade de fazer algo para solucioná-los.


Por que esses empreendedores sociais não se transformam em políticos ou funcionários públicos para fazer alguma coisa pela população?

A maior parte dos empreendedores sociais evita trabalhar nas estruturas governamentais porque se sente constrangida por considerações políticas ou amarrada à burocracia. Eles preferem a liberdade de criar suas próprias organizações.
Além disso, os governos precisam dar respostas a demandas comandadas por ciclos eleitorais muito curtos, às vezes de dois ou quatro anos, enquanto os empreendedores sociais criam suas empresas visando projetos com décadas de duração. Por fim, governos costumam impor suas soluções de cima para baixo, enquanto os empreendedores sociais fazem o caminho inverso, identificando as necessidades locais e criando projetos adequados a elas.

No Brasil, há uma avalanche de novas ONGs com as mesmas propostas e disputando as mesmas fontes de recursos. Isso não dispersa esforços e desperdiça recursos?

O problema não está no aparecimento de novas ONGs, mas na continuidade daquelas que já se mostram ineficientes. Estas precisam sair do caminho para não atrapalhar as demais. Sou favorável à competitividade entre as ONGs. Isso cria uma dinâmica saudável que permite o surgimento de novos lideres, novas idéias e novos projetos.

Em seu livro há muitos exemplos em que iniciativas isoladas tiveram impactos positivos numa comunidade. No entanto, há problemas que ações individuais podem aliviar, mas nunca eliminar de vez. O que fazer, então?

Não podemos ficar apenas em ações isoladas, mas produzir uma rede integrada de ações unindo empreendedores sociais, empresas e governos. Há uma tendência nesse sentido. Os problemas sociais são complexos e o grande desafio para o empreendedorismo social daqui para frente é fazer com que as iniciativas convirjam de forma coerente e criativa.


E o senhor acredita que o mundo vai mudar para melhor?

Se olharmos a questão da pobreza, os números mostram que conseguimos tirar quase meio bilhão de pessoas da miséria em apenas dez anos. Ao mesmo tempo, porém, problemas sérios como o aquecimento global e ameaças terroristas pioram.
Se o número de empreendedores sociais crescer de forma mais rápida do que o de terroristas, então estou convencido de que em 20 ou 30 anos teremos um mundo melhor. Temos que proteger e estimular as forças benignas das sociedades, investir dinheiro e tempo nas ONGs para que o futuro não seja dominado pelas forças negativas.

Já há cerca de 220 mil organizações
não-governamentais no Brasil.
E o número não pára de crescer

[Onde encontramos essa entrevista]